BLW - Baby-led Weaning. Você conhece?
- Magda Castellano @mae_detres
- 26 de mar. de 2017
- 4 min de leitura

Arquivo Pessoal da Fabíola: Seu filho Benjamin se alimentando pelo método BLW
Para sabermos mais a fundo sobre esse método de Introdução Alimentar que ainda gera muitas dúvidas nos pais, a minha querida parceira e especialista do blog, a nutricionista Fabíola Frezza, nos deu uma entrevista falando um pouco sobre a sua experiência como profissional e mãe que vivenciou e aplicou o método com seu filho:
1) Fabíola, o BLW ainda é algo muito novo em nosso país. Você poderia nos falar um pouco sobre ele? E como ele surgiu?
Sim. Somente em 2008, ele foi descrito como um método. E até então, ele era praticado, mas não descrito como um método. O BLW já era usado por muitas mães desde muitos anos atrás, quando eram oferecidos pedaços de comida aos bebês, deixando que eles tivessem essa autonomia, mas não se tinha um nome para esse método. Então, em 2008, a enfermeira Gil Rapley, descreveu esse método e fez dele seu mestrado, de onde originou o livro. Ela aplicou e vivenciou o método com o seu terceiro filho. Mas, realmente, o nome BLW (Baby-led Weaning) é um nome muito recente e poucos profissionais e mães tem contato e se assustam um pouco, porque as pessoas somente veem o BLW como um método para se comerem pedaços e na verdade, o BLW tem princípios e fundamentos que deixam ele muito seguro e fazem com que a gente dê essa autonomia que é o principal do método para o bebê. 2) Quais os alimentos que você sugere que sejam apresentados primeiro no BLW?
Um dos princípios do BLW é introduzir desde sempre a alimentação da família. Isso tem que ter algumas ressalvas, porque vai muito da alimentação da família, se é uma alimentação saudável e o que a família está habituada a comer. Alguns alimentos não se recomenda antes de 1 ano de vida, mas não se tem uma regra de quais alimentos começar. A gente apresenta primeiro as frutas ou legumes e não existe uma regra. O BLW tenta fugir dessa regra de que temos que começar pelas frutinhas.
3) E os cortes desses alimentos? Como devem ser feitos?
Na verdade, o formato que oferecemos o alimento ao bebê é um formato de haste e o objetivo é que o bebê consiga pegar de forma mais fácil. O bebê com 6 meses não tem habilidade de pegar um talher, se servir de um purezinho e levar até a boca coordenadamente. Ele não tem o movimento fino de pinça e acaba fazendo com que ele não tenha essa coordenação motora. Então, fazemos os palitos em formato de haste, um pouco maior que o punho do bebê, para que ele consiga agarrar esse alimento e ainda sobre um pouquinho para fora e aí sim, ele consiga levar até a boca e sentir o sabor. Os alimentos devem ser feitos mais in natura possível para o bebê sentir mais o sabor dele. Muita mistura, muito bolinho, eu sou um pouco crítica, porque a gente mistura os sabores e o bebê não sente o sabor de cada alimento.
4) Muitas mães tem receio do BLW por medo que a criança engasgue.Você como mãe que utilizou desse método e como nutricionista, o que você pode nos falar para nos deixar mais seguras?
O engasgo é o maior medo do BLW, com certeza, por desconhecimento das habilidades do bebê. Desde o nascimento, ele se prepara para comer sólidos, além do leite. Ele vai se desenvolvendo, ele vai aprendendo a sentar, vai aprendendo a levar os alimentos a boca. E, o processo de mastigação, de manipulação do alimento na boca, tudo isso também é um aprendizado. Nós temos que confiar no bebê, BLW é muita confiança. Isso é algo que tem que ser muito bem dito, temos que confiar que o bebê é capaz de comer sozinho. O risco de engasgo existe na verdade em qualquer um dos métodos, tanto na papinha, quanto no BLW. Se esse bebê estiver 100% no comando do comer, dificilmente ele vai se engasgar. E 100% no comando é não ajudar ele a levar nenhum tipo de alimento até a boca, ele conseguir levar, é ele conseguir manipular esse alimento até a boca. Os bebês tem um reflexo de proteção muito forte, que é o reflexo de GAG, que faz com que se um pedaço grande na boca desse bebê for maior do que ele é capaz de dominar, ele vai perceber isso e ele vai colocar pra fora, por um reflexo que se parece com um reflexo de ânsia. Ele não vai tentar engolir o que ele não conseguir mastigar ou manipular dentro da boca. Mas, com certeza tem algumas medidas de segurança que faz com que a gente fique tranquila na hora de oferecer a comida em pedaços para o bebê. Dentre elas, o posicionamento do bebê que deve sempre estar muito bem sentado; uma cadeira com apoio de preferência apoiando os pés; ele tem que estar 100% no comando, então nós não podemos ajudá-lo a levar o alimento até a boca; evitar alguns alimentos tipo tomate cereja redondo, uva, amendoim, alimentos duros, pedaços muito grandes de carne, isso tudo pode levar ao engasgo e por isso, temos que ter um cuidado bem especial.
5) No seu IG @nutrifabiola, você apresentou os 100 primeiros alimentos ao seu filho e fez registro de cada apresentação. Como foi essa experiência?
Dos 100 primeiros alimentos do Ben, foi uma experiência maravilhosa! Foi onde me abriu as portas para mostrar para as mães que introdução alimentar é algo muito tranquilo, onde nós podemos e devemos apresentar o máximo de sabores para um bebê, não se limitando. O bebê é uma folha em branco e a gente vai preenchendo essa folha, somos nós que vamos conseguindo apresentar esses sabores diversos para que o bebê seja sensibilizado e goste. O bebê tem comer por prazer e não por nenhum tipo de pressão.
Gostaram da nossa entrevista? Essa foi só a primeira parte. Na semana que vem, teremos mais um pouco de informação sobre o BLW com a nutri Fabíola Frezza. Não deixem de ler.

Fabíola Frezza Andriola
Nutricionista Especialista em Gestão Pública em Saúde, em Psicologia do Comportamento Alimentar e em Nutrição Clínica Personalizada com ênfase em Nutrigenômica.
@nutrifabiola
Comments