Alergia Alimentar Múltipla na Infância
- Nutricionista Simone Carvalho @maternalenutritivo
- 31 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
A Alergia Alimentar Múltipla (AAM) é caracterizada pela reação alérgica de base imunológica a dois ou mais alimentos diferentes, por exemplo: ovo, soja e leite. No entanto, se a criança tem alergia a vários tipos de peixes, trata-se também de uma AAM, porém de um único alimento.
Podemos subclassificá-las em 2 tipos:
Origem Primária ou Tipo 1, a qual se desencadeia por sensibilização por via oral. Os sintomas são de consideráveis a graves.
Origem Secundária ou Tipo 2, a qual se desencadeia por sensibilização oral, mas também inalatória e cutânea. O alérgeno não precisa necessariamente ser um alimento, pode ser pólen, ácaro, fumaça de cigarro...Os sintomas geralmente são leves.
A prevalência de indivíduos com AAM é desconhecida por carência de estudos neste sentido, porém por experiências profissionais, sabe-se que são raros os casos em que acontecem apenas alergia única.
Existe uma predisposição genética para a AAM. Quanto maior o número de pessoas com alergias dentro da família, maiores são as chances uma criança nascer com algum tipo de AAM. É a sensibilidade que se herda e não a alergia em si mesma.
Exemplificando: ”Nem sempre um filho de um pai alérgico à castanhas e crustáceos terá a mesma alergia, mas sim poderá se sensibilizar a tantos outros alimentos do grupo de alérgenos. ”
Apesar de todas as dificuldades quanto ao diagnóstico correto da AAM, sua importância é inquestionável na faixa etária pediátrica, sendo necessária uma abordagem ampla, na qual envolve atendimento multidisciplinar e a conscientização da família quanto à importância das orientações a serem seguidas, objetivando o controle dos sintomas.
Crianças que são detectadas com AAM devem ser encaminhadas especialmente para um (a) nutricionista. É importante ressaltar que a terapia não deve ser pior do que a doença, pois dietas de exclusão podem conduzir a problemas alimentares e/ou desnutrição, especialmente quando mal elaboradas, mal conduzidas ou realizadas por período prolongado. Inquéritos alimentares frequentes e acompanhamento do estado nutricional são fundamentais para evitar desnutrição e deficiências de vitaminas e oligoelementos, bem como, que seja garantida que a dieta de eliminação de alérgenos identificados seja equilibrada nutricionalmente.
Qualquer alergia não tratada pode manter-se durante toda a vida e pode até mesmo complicar-se ou agravar-se. Sintomas como: refluxo, diarreia com ou sem sangue, fezes com muco, constipação crônica, vômitos profusos, irritabilidade, perda de peso, dentre outros... Não podem ser negligenciados. Há de se investigar!
A eliminação total das proteínas alergênicas não é simples, exige muitos cuidados. Ao instituir a dieta isenta das proteínas alergênicas, a família deve não só evitar todos os alimentos que contêm os alérgenos, mas também ler os rótulos dos ingredientes dos produtos alimentares para identificá-lo, bem como seus possíveis derivados. Na dúvida, o alimento sempre deverá ser evitado.
A alergia alimentar múltipla é possível mesmo naqueles lactentes que estão em aleitamento exclusivo. Nestes casos, a mãe que quer manter o aleitamento materno, deverá excluir todos os possíveis alérgenos de sua dieta.
Na criança com dieta variada, ou se o alérgeno não é identificado, a dieta hipoalergênica é instituída com finalidade diagnóstica, também com o auxílio de nutricionista. Se há melhora do paciente, os alimentos serão reintroduzidos um de cada vez, até que se identifique o alimento alergênico.
Muitas características clínicas e imunológicas têm sido estudadas em crianças com AAM, porém o mecanismo imunológico não é único, o que pode confundir a avaliação e o diagnóstico adequados. Os desafios desde a identificação dos sintomas até o correto tratamento são infelizmente, sempre constantes.
Simone Carvalho
Nutricionista, Pós graduada em Nutrição Clínica e Sub-especializada em: Nutrição Materno Infantil, Obesidade,Transtornos Alimentares e Cirurgia Bariátrica
@maternalenutritivo
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